Papa: o milagre da cooperação abre uma brecha no muro da indiferença

O Santo Padre concluiu suas atividades, na manhã deste sábado (16), recebendo na Sala Paulo VI, no Vaticano, cerca de sete mil membros da Confederação das Cooperativas Italianas, por ocasião do seu centenário de instituição.

Em seu longo discurso, o Papa recordou o objetivo das Cooperativas Italianas, nestes cem anos de atividades, que não pode passar em silêncio:

“Eles representam um percurso, do qual somos gratos, de tudo o que conseguiram realizar, inspirados no grande apelo da encíclica “Rerum novarum” de Leão XIII. De maneira profética, este pontífice deu início à grande reflexão sobre a Doutrina Social da Igreja. A sua intuição nasceu da convicção de que o Evangelho não é apenas para uma parte de homens ou da sociedade, mas para toda a humanidade, para torná-la cada vez mais humana”.

A cooperativa satisfaz as necessidades sociais

A história das Cooperativas Italianas, disse o Papa, é preciosa porque levou a sério as palavras de Leão XIII, colocando em prática um compromisso sério e generoso que durou um século. A Doutrina Social da Igreja é um sinal de esperança porque não permaneceu uma palavra morta ou um discurso abstrato, mas se tornou vida, graças a homens e mulheres que a transformaram em gestos pessoais e sociais concretos, visíveis e úteis. E acrescentou:

“Seu modelo cooperativo, além de se inspirar na Doutrina Social da Igreja, corrige certas tendências típicas da sociedade e do estado, às vezes letais em relação às iniciativas privadas; detém a tentação do individualismo e do egoísmo típicos do liberalismo. Enquanto a empresa capitalista visa só o lucro, a cooperativa satisfaz as necessidades sociais”.

Vencer a solidão

Por isso, o modelo de cooperativa social conjuga a lógica da empresa com a solidariedade, de modo a realizar a sua função profética e testemunho social à luz do Evangelho. Por outro lado, afirmou Francisco, a vantagem óbvia da cooperação é vencer a solidão, que transforma a vida do homem em inferno. Neste sentido, a cooperação torna concreta a esperança das pessoas, torna-se um modo de vida. E o Papa explicou:

“ O milagre da cooperação é uma estratégia de equipe que abre uma brecha no muro de uma multidão indiferente, que exclui os mais fracos. As Cooperativas Italianas devem opor-se, como fizeram nestes cem anos de atividades, ao individualismo e promover o bem-estar de todos e não os interesses de poucos. Estou ciente de que a cooperação cristã é o caminho certo, embora possa parecer economicamente lento, mais é o mais eficaz e seguro”.

Enfim, em um mundo globalizado, Francisco pediu às Cooperativas Italianas a continuar em sintonia com o que a Doutrina Social da Igreja ensina sobre a centralidade da pessoa.

Concluindo seu pronunciamento, o Santo Padre recordou que “em um mundo global como o nosso, são, sobretudo, as mulheres que arcam com o peso da pobreza material, da exclusão social e cultural. O tema das mulheres, disse, deve voltar a ter um lugar prioritário nos projetos da esfera cooperativa”.

Fonte: Vatican News